O mais famoso agente de modelos do mundo, John Casablancas, lança nesta terça-feira, 9, sua biografia, Vida Modelo. Em entrevista, ele revela que Gisele Büdechen foi a grande decepção de sua vida.
Basta dizer que Gisele Bündchen, Cindy Crawford, Claudia Schiffer, Linda Evangelista, Naomi Campell, Isabela Rosselini e Nastassja Kinsk foram apenas algumas das tops models lançadas por John Casablancas, para se ter idéia do que a auto-biografia dele, Vida Modelo, pode vir a contar sobre os bastidores do concorrido, badalado e controverso mundo da moda.
O livro, com 400 páginas e muitas fotos, será lançado, às 19 horas, na Saraiva Megastore, no Salvador Shopping, com a presença do autor, o fundador da Elite Models, uma das mais famosas agências de modelo do mundo.
Casablancas esteve à frente da Elite por 30 anos, até o ano 2000, quando vendeu todas as ações, após um ciclo de queda vivido pela agência e um escândalo protagonizado por um dos operadores de booking de lá.
Ele se aposentou como o mais famoso agente de top models do mundo. "A Elite se transformou no maior grupo de agências de modelos do mundo e tornou-se o padrão pelo qual o conceito de supermodelo foi definido", lembra ele no livro.
Em entrevista a A TARDE, ele comenta que uma série de fatores contribuíram para o sucesso absoluto dele dentro de uma profissão que ele diz ter relutado em aceitar.
"O principal deles foi o fato de eu não conhecer o mundo da moda, o que me deu um espírito criativo, aventureiro, de não me submeter a tendências e sim de criar tendências".
Ele conta que também se diferenciava pelo fato de sempre tratar bem as pessoas. "O pessoal da moda tem uma atitude arrogante, distante, e eu não tenho isso".
Segundo ele, o "inventor das top models", como ficou conhecido, também nunca se deixou deslumbrar. "Um negócio tem, antes de tudo, que gerar dinheiro. Nunca fiz nada pra agradar um certo grupo de pessoas e, se me dizem que alguma coisa não pode, aí que o trabalho ganha graça pra mim".
Filho de espanhóis, Casablancas nasceu em Nova York e viveu a maior parte do tempo de sua vida na Europa. Muito bem nascido, apostou em fazer fortuna como agente de modelos e, nessa função, como ele mesmo diz, viveu muitas delícias e algumas decepções.
A principal das decepções veio de ninguém menos que a top das tops, a brasileira Gisele Bündchen. "Ela me deu a maior apunhalada nas costas. Nos jogou no lixo justamente no momento em que tínhamos conseguido levá-la ao auge, ao topo absoluto. Até o pai dela ficou envergonhado".
Caso Gisele - La Bündchen chegou às mãos de Casablancas quando ela tinha apenas 14 anos (no livro, tem algumas fotos dela nessa idade). "Era uma menina bonita, cheia de sonhos, vinda de uma cidadezinha do sul do Brasil. O sucesso foi chegando devagar, bem embasado, de maneira sólida".
Ele conta, no livro que, quando Gisele tinha 16 anos, ele trocou com o pai dela, Valdir, alguns relatórios que estabeleceriam as bases do plano de negócios para a carreira dela. "Seguimos atentamente todo o seu desenvolvimento - inclusive nos namoros - ... Ainda me lembro do momento, em 1996, quando as grandes oportunidades começaram a aparecer para ela".
O livro relata que, em 1999, a estréia de Gisele na capa da Vogue, acompanhada pela matéria "A volta da modelo sexy", anunciou a volta do glamour e da sensualidade, características com as quais as brasileiras reinavam, supremas.
"Quatro meses depois, quando Gisele voltou à capa da Vogue, ela já não era mais minha", relembra o famoso agente. Ela partiu para agência rival da Elite, a IMG, e alegou, segundo Casablancas, uma série de besteiras enganosas para anular o contrato que existia.
"Numa carreira na qual eu conhecia a traição em todas as suas formas, a de Gisele foi especialmente fria e egoísta. Nunca, com nenhuma outras das dezenas de supermodels que a Elite criou, acontecera uma traição tão desenvolta, indiferente e injustificável".
Em Vida Modelo, Casablancas não hesita em admitir a beleza, o talento da gaúcha para ser a melhor top do mundo desde 2000.
"Indiscultivelmente, a melhor do mundo. Contudo, como pessoa, não se aproxima nem um pouco da figura mítica, da deusa que a imprensa não se cansa de pintar. Embora sendo um gênio diante da câmera, ela não é assim na vida real".
No livro, ele chega a contar o que chama de anedotas, para revelar a personagem de Gisele. Uma delas diz respeito à irritação que a modelo demonstrou por ter que sustentar sua irmã, Gabriela, durante a estada dela em Nova Yorque.
"Um dia, Gisele passou pela agência e de maneira inocente comentou: "Que bom, a IMG deu um emprego a Gabriela. Entendemos a ameaça implícita e tivemos que oferecer 450 dólares por semana a Gabriela, só para agradar a irmã. Ela é o tipo da pessoa que não faz nada por generosidade".
O mercado da moda hoje - Na entrevista concedida para A TARDE, Casablancas comentou que já se foi o tempo em que a entrada das modelos na passarela dos grandes eventos de moda arrancava suspiros da platéia.
"Hoje elas viraram realmente cabides, é impressionante a indiferença do público em relação a elas. Isso acontece porque existem muitas pequenas agências, que vendem barato e as modelos duram pouco. A profissão se popularizou e se banalizou".
Ele conta que no auge da Elite, os agentes das atrizes de Hollywood ligavam pra ele para tentar encaixar suas agenciadas nas capas das grandes revistas. "
Hoje, no lugar de modelos, as atrizes roubaram das modelos as capas das revistas, isso porque elas realmente são mais interessantes, têm mais o que falar, vivem romances, são maduras. As modelos deixaram de ser estrelas", diz.
Umas das críticas do mais famoso agente de modelos do mundo é em relação à idade em que as atuais modelos começam a trabalhar. "Já fui pressionado a aceitar uma modelo de 15 anos, mas sempre defendi 17 anos como sendo a idade ideal. Elas ficam robóticas e desin teressantes".
Ela comenta que, no Brasil, a tendência é ainda mais preocupante. "O grupo dominante no mercadp parece só querer .modelos de 14 anos e anoréxicas".
O resultado, para John, é que se, antes, os atores de tevê ganhavam visibilidade quando namoravam com as tops, hoje são mais famosas as tops que namoram ou casam com atores de tevê, caso de Isabelli Fontana e Fernanda Tavares.
John, hoje - Atualmente John Casablancas vive em São Paulo, é casado com Aline Wermelinger, ex-modelo brasileira 32 anos mais jovem que ele, cria três filhos que tem com ela - ele tem dois de outros casamentos que moram fora do Brsil - e mais dois adotivos, e trabalha como sócio na Joy Model Management, que acaba de lançar o concurso Beleza Mundial.
O objetivo do novo concurso que Casablanca está à frente é revolucionar a forma como as futuras top models são reveladas e, para isso, vai transformar manicures e cabelereiros brasileiros em caça-talentos. Mais informações: www.belezamundial.com.br.
Tatiane Freitas, do A Tarde