DE QUE SÂO FEITOS OS DIAS

De que são feitos os dias?
-De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.

Deloucuras, de crimes,
de pecados, de glórias,
-do medo que encadeia
todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlances
e em sinistras alianças....

Cecília meireles

sábado, 31 de janeiro de 2009

Patrícia Rehder Galvão, conhecida pelo pseudônimo de Pagu

Bem antes de virar Pagu, apelido que lhe foi dado pelo poeta Raul Bopp, Zazá, como era conhecida em família, já era uma mulher avançada para os padrões da época, pois cometia algumas “extravagâncias” como fumar na rua, usar blusas transparentes, manter os cabelos bem cortados e eriçados e dizer palavrões. Nada compatível com sua origem familiar.
Ao contrário do que se propala, Pagu não participou da Semana da Tinha apenas 12 anos, em 1922, quando a Semana se realizou. Em 1925, com quinze anos, passa a colaborar no Brás Jornal, assinando Patsy.
Com 18 anos, mal completara o Curso na Escola Normal da Capital, em São Paulo e já está integrada ao movimento antropofágico, de cunho modernista, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarcila do Amaral. É logo considerada a musa do movimento.

Em 1930, um escândalo para a sociedade conservadora de então: Oswald separa-se de Tarsila e casa-se com Pagu. No mesmo ano, nasce Rudá, segundo filho de Oswald e primeiro de Pagu. Os dois se tornam militantes do Partido Comunista.
Ao participar da organização de uma greve de estivadores em Santos Pagu é presa. Era a primeira de uma série de 23 prisões, ao longo da vida. Logo depois de ser solta (1933) partiu para uma viagem pelo mundo, deixando no Brasil o marido Oswald e seu filho. No mesmo ano, publica o romance Parque Industrial, sob o pseudônimo de Mara Lobo.
Em 1935 é presa em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, e é repatriada para o Brasil;. Separa-se definitivamente de Oswald, retoma a atividade jornalística, mas é novamente presa e torturada, ficando na cadeia por cinco anos.
Ao sair da prisão, em 1940, rompe com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskita. Integra a redação de A Vanguarda Socialista junto com seu marido Geraldo Ferraz,Mário Pedrosa, Hilcar Leite e Edmundo Muniz.
Em 1952 freqüenta a Escola de Arte Dramática de São Paulo ,levando seus espetáculos a Santos. Ligada ao teatro de vanguarda apresenta a sua tradução de A Cantora Careca de Ionesco. Traduziu e dirigiu Fando e Liz de Arrabal, numa montagem amadora onde estreava um jovem artista Plínio Marcos.
É conhecida como grande animadora cultural em Santos, onde passa a residir. Dedica-se em especial ao teatro, particularmente no incentivo a grupos amadores. Em 1945 lança novo romance, A Famosa Revista, escrito em parceria com Geraldo Ferraz. Tenta, sem sucesso, uma vaga de deputada estadual nas eleições de 1950.
Ainda trabalhava como crítica de arte, quando foi acometida de um câncer. Viaja a Paris para se submeter a uma cirurgia, sem resultados positivos. Volta ao Brasil e morre em 1962.
Em 2005, a cidade de São Paulo comemorou os 95 anos de nascimento de Pagu com uma vasta programação, que incluiu lançamento de livros, exposição de fotos, desenhos e textos da homenageada, apresentação de um espetáculo teatral sobre sua vida e inauguração de uma página na Internet. No dia exato de seu nascimento, convidados compareceram com trajes de época a uma festa Pagu, realizada no Museu da Imagem e do Som.

A rosa de Hiroxima


Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Vinícios de Morais

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

"Gisele Bündchen foi a maior mágoa da minha vida"

O mais famoso agente de modelos do mundo, John Casablancas, lança nesta terça-feira, 9, sua biografia, Vida Modelo. Em entrevista, ele revela que Gisele Büdechen foi a grande decepção de sua vida.

Basta dizer que Gisele Bündchen, Cindy Crawford, Claudia Schiffer, Linda Evangelista, Naomi Campell, Isabela Rosselini e Nastassja Kinsk foram apenas algumas das tops models lançadas por John Casablancas, para se ter idéia do que a auto-biografia dele, Vida Modelo, pode vir a contar sobre os bastidores do concorrido, badalado e controverso mundo da moda.

O livro, com 400 páginas e muitas fotos, será lançado, às 19 horas, na Saraiva Megastore, no Salvador Shopping, com a presença do autor, o fundador da Elite Models, uma das mais famosas agências de modelo do mundo.

Casablancas esteve à frente da Elite por 30 anos, até o ano 2000, quando vendeu todas as ações, após um ciclo de queda vivido pela agência e um escândalo protagonizado por um dos operadores de booking de lá.

Ele se aposentou como o mais famoso agente de top models do mundo. "A Elite se transformou no maior grupo de agências de modelos do mundo e tornou-se o padrão pelo qual o conceito de supermodelo foi definido", lembra ele no livro.

Em entrevista a A TARDE, ele comenta que uma série de fatores contribuíram para o sucesso absoluto dele dentro de uma profissão que ele diz ter relutado em aceitar.

"O principal deles foi o fato de eu não conhecer o mundo da moda, o que me deu um espírito criativo, aventureiro, de não me submeter a tendências e sim de criar tendências".

Ele conta que também se diferenciava pelo fato de sempre tratar bem as pessoas. "O pessoal da moda tem uma atitude arrogante, distante, e eu não tenho isso".

Segundo ele, o "inventor das top models", como ficou conhecido, também nunca se deixou deslumbrar. "Um negócio tem, antes de tudo, que gerar dinheiro. Nunca fiz nada pra agradar um certo grupo de pessoas e, se me dizem que alguma coisa não pode, aí que o trabalho ganha graça pra mim".

Filho de espanhóis, Casablancas nasceu em Nova York e viveu a maior parte do tempo de sua vida na Europa. Muito bem nascido, apostou em fazer fortuna como agente de modelos e, nessa função, como ele mesmo diz, viveu muitas delícias e algumas decepções.

A principal das decepções veio de ninguém menos que a top das tops, a brasileira Gisele Bündchen. "Ela me deu a maior apunhalada nas costas. Nos jogou no lixo justamente no momento em que tínhamos conseguido levá-la ao auge, ao topo absoluto. Até o pai dela ficou envergonhado".

Caso Gisele
- La Bündchen chegou às mãos de Casablancas quando ela tinha apenas 14 anos (no livro, tem algumas fotos dela nessa idade). "Era uma menina bonita, cheia de sonhos, vinda de uma cidadezinha do sul do Brasil. O sucesso foi chegando devagar, bem embasado, de maneira sólida".

Ele conta, no livro que, quando Gisele tinha 16 anos, ele trocou com o pai dela, Valdir, alguns relatórios que estabeleceriam as bases do plano de negócios para a carreira dela. "Seguimos atentamente todo o seu desenvolvimento - inclusive nos namoros - ... Ainda me lembro do momento, em 1996, quando as grandes oportunidades começaram a aparecer para ela".

O livro relata que, em 1999, a estréia de Gisele na capa da Vogue, acompanhada pela matéria "A volta da modelo sexy", anunciou a volta do glamour e da sensualidade, características com as quais as brasileiras reinavam, supremas.

"Quatro meses depois, quando Gisele voltou à capa da Vogue, ela já não era mais minha", relembra o famoso agente. Ela partiu para agência rival da Elite, a IMG, e alegou, segundo Casablancas, uma série de besteiras enganosas para anular o contrato que existia.

"Numa carreira na qual eu conhecia a traição em todas as suas formas, a de Gisele foi especialmente fria e egoísta. Nunca, com nenhuma outras das dezenas de supermodels que a Elite criou, acontecera uma traição tão desenvolta, indiferente e injustificável".

Em Vida Modelo, Casablancas não hesita em admitir a beleza, o talento da gaúcha para ser a melhor top do mundo desde 2000.

"Indiscultivelmente, a melhor do mundo. Contudo, como pessoa, não se aproxima nem um pouco da figura mítica, da deusa que a imprensa não se cansa de pintar. Embora sendo um gênio diante da câmera, ela não é assim na vida real".

No livro, ele chega a contar o que chama de anedotas, para revelar a personagem de Gisele. Uma delas diz respeito à irritação que a modelo demonstrou por ter que sustentar sua irmã, Gabriela, durante a estada dela em Nova Yorque.

"Um dia, Gisele passou pela agência e de maneira inocente comentou: "Que bom, a IMG deu um emprego a Gabriela. Entendemos a ameaça implícita e tivemos que oferecer 450 dólares por semana a Gabriela, só para agradar a irmã. Ela é o tipo da pessoa que não faz nada por generosidade".

O mercado da moda hoje - Na entrevista concedida para A TARDE, Casablancas comentou que já se foi o tempo em que a entrada das modelos na passarela dos grandes eventos de moda arrancava suspiros da platéia.

"Hoje elas viraram realmente cabides, é impressionante a indiferença do público em relação a elas. Isso acontece porque existem muitas pequenas agências, que vendem barato e as modelos duram pouco. A profissão se popularizou e se banalizou".

Ele conta que no auge da Elite, os agentes das atrizes de Hollywood ligavam pra ele para tentar encaixar suas agenciadas nas capas das grandes revistas. "

Hoje, no lugar de modelos, as atrizes roubaram das modelos as capas das revistas, isso porque elas realmente são mais interessantes, têm mais o que falar, vivem romances, são maduras. As modelos deixaram de ser estrelas", diz.

Umas das críticas do mais famoso agente de modelos do mundo é em relação à idade em que as atuais modelos começam a trabalhar. "Já fui pressionado a aceitar uma modelo de 15 anos, mas sempre defendi 17 anos como sendo a idade ideal. Elas ficam robóticas e desin teressantes".

Ela comenta que, no Brasil, a tendência é ainda mais preocupante. "O grupo dominante no mercadp parece só querer .modelos de 14 anos e anoréxicas".

O resultado, para John, é que se, antes, os atores de tevê ganhavam visibilidade quando namoravam com as tops, hoje são mais famosas as tops que namoram ou casam com atores de tevê, caso de Isabelli Fontana e Fernanda Tavares.

John, hoje
- Atualmente John Casablancas vive em São Paulo, é casado com Aline Wermelinger, ex-modelo brasileira 32 anos mais jovem que ele, cria três filhos que tem com ela - ele tem dois de outros casamentos que moram fora do Brsil - e mais dois adotivos, e trabalha como sócio na Joy Model Management, que acaba de lançar o concurso Beleza Mundial.

O objetivo do novo concurso que Casablanca está à frente é revolucionar a forma como as futuras top models são reveladas e, para isso, vai transformar manicures e cabelereiros brasileiros em caça-talentos. Mais informações: www.belezamundial.com.br.

Tatiane Freitas, do A Tarde

Primeiro dia da Casa de Criadores traz homens de vestido e mulheres militares

Os destaques são João Pimenta e Ianire Soraluze, marcas jovens que se reformulam e criam fortes imagens de moda na passarela montada no Shopping Frei Caneca

Comece a se acostumar com imagens mais pesadas de looks de passarela: vem aí o inverno dark, que começou com a Casa de Criadores nessa segunda-feira, 8, e continua até dia 10 - seguido, em janeiro, pelo Fashion Rio e pelo SPFW.
Muito preto, mas muito mesmo, com variações de cinza, dominaram o primeiro dia - e devem continuar sendo a pauta na cartela de cores. Os melhores desfiles foram os de João Pimenta (para eles) e de Ianire Soraluze (para elas), por motivos bem diferentes.
Ianire, que concorreu no Prêmio Moda Brasil na categoria Estilista Revelação, decidiu repensar a imagem delicada e feminina das suas coleções passadas. A sua tática foi partir de um tema que normalmente ninguém imaginaria que ela pudesse mexer: o militarismo. À la cabala: ela mudou para continuar a mesma, com uma moda ultrafeminina, criativa, desejável, gostosa de ver. O uso do tricô, os casacos de manga curta, a sua versão de camuflado que na verdade é monocolorida e tem relevo em matelassê, as calças pata-de-elefante, o plastificado: tudo passa uma imagem chique (porém sem ostentação) e adulta (porém sem envelhecer).
Já Pimenta mais uma vez fez um desfile corajoso e de imagem fortíssima, daquelas que ficam rondando a cabeça. Sua premissa já era ousada: ele fez roupas estruturadas (à la Balenciaga) com o quadril grandão - só que para homens. Claro que o seu pai ou o seu chefe não vão sair por aí com essa nova silhueta, e nem é essa a intenção, mas o desfile é permeado de referências que conquistam. São imagens limpas como o estilista nunca conseguiu antes, e ao mesmo tempo marcantes. Na trilha sonora, e mesmo em alguns looks de maneira bem clara (como o com a calça gigante e suspensório segurando), a música circense mostrava referências a palhaços (por coincidência, o tema da coleção passada de Ianire!). Só preto e branco, transparências (nada a ver com uma transparência sexy, remetia mais à roupa de baixo do vovô), e o quadrilzão ali, incomodando tudo. Palhaçada? Antes, originalidade e sabor, liberdade para brincar. Homem de vestido e salto alto, e daí? A Casa de Criadores serve para provocar.
Outra que sabe provocar é a TudiCofusi. Cada vez mais afinados no questionamento sobre o que é brega e de mau gosto, eles desafiaram toda a crítica especializada deixando claro que não usaram modelista nem modelagem para as roupas: foi tudo experimentação. O resultado surpreende, cheio de peças com volumes exóticos, e a trilha também: sim, eles tocaram Raul. E prefereriram ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Mais que clichê: jato de água fresca em outras marcas que se preocupam demais em não errar - e acabam errando. Antes o desbunde!
Outras peças que merecem atenção: a calça pata-de-elefante e alguns vestidos de uma manga só de Rober Dognani (assim como a pulseira dourada de espetos, agressiva e rica), os drapeados de Dognani e da No Hay Banda (parentes do vestido bandagem de Hervé Léger), a saia de cintura alta em patchwork da No Hay Banda, a malha listrada em branco e vermelho de Phergom, as bolsas de Cristine An para João Pimenta, os sapatos de salto com couro enrrugadinho feito à mão da No Hay Banda e os tênis absolutamente incríveis da Swear London para TudiCofusi - a marca hype está chegando no Brasil!

Jorge Wakabara


Nem um dia


Um dia frio
Um bom lugar pra ler um livro
E o pensamento lá em você,
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você,
E tudo me divide

Longe da felicidade
E todas as suas luzes
Te desejo como ao ar
Mais que tudo,
És manhã na natureza das flores

Mesmo por toda riqueza
Dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia,
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você.

E tudo nascerá mais belo,
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris.

Djavan